sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.
Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta
e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa
a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora
do rush matinal.
Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente
ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores
violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num
instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3
milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde
os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares. A experiência,
gravada em vídeo mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de
café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço,
indiferentes ao som do violino. iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post em abril de
2007 era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão
num contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem
etiqueta de grife. Esse é um exemplo daquelas tantas situações que
acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos
a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem
valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o
que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?

Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos
sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo
mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro.

Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no
meio do rebanho.

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